O estágio de desenvolvimento de um país pode ser observado através dos meios de transporte que este país utiliza. Para isto devemos analisar os investimento feitos ao desenvolvimento econômico e tecnológico neste seguimento.
O Brasil utiliza o transporte hidroviário de forma parcial, visto que subaproveitamos os nossos rios como vias navegáveis. Ao compararmos o total de cargas transportadas pelos meios de transporte ferroviário, rodoviário e aeroviário verificamos que ainda não utilizamos as vias navegáveis por falta de investimento. A rede hidroviária brasileira possui cachoeiras e corredeiras que subdividem os rios em trechos navegáveis e não navegáveis. Com isto é necessário fazer investimentos para transpor estes obstáculos através da construção de eclusas e comportas.
A necessidade de estimularmos o investimento em hidrovias é justificada pelo fato de que este meio de transporte é mais econômico, se compararmos aos outros meios de transporte. Conforme demonstrou a Secretaria de Transporte do Estado de São Paulo, o modal aquaviário consome metade do combustível, se comparado ao transporte ferroviário e vinte vezes menos, se comparado com o transporte rodoviário. Além disso, o transporte hidroviário também é considerado menos poluente.
O Brasil possui sete mil quilômetros de costa atlântica navegável e milhares de quilômetros de rios. Grande parte dos rios navegáveis estão localizados na região Amazônica, e são muito importantes para acessarmos regiões remotas. Porém, economicamente, estas vias não são importantes pois a densidade populacional destas regiões são baixas. Podemos destacar como principais hidrovias nacionais as seguintes:
Hidrovia Araguaia-Tocantins: Corredor hidroviários que liga a região Norte. Durante a cheia o rio Tocantins é navegável por uma extensão de 1900 quilômetros entre as cidades de Belém/PA e Peixes/GO, e o rio Araguaia atravessa o estado de Tocantins por 1.100 quilômetros.
Hidrovia São Francisco: Conhecido como Velho Chico e considerado o maior rio em território brasileiro, este rio nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e tem sua foz na divisa de Sergipe e Alagoas. O maior trecho navegável possui 1.300 quilômetros e fica entre Pirapora/MG e Juazeiro/BA.
Hidrovia da Madeira: Em operação desde 1997 é um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas.
Hidrovia Tietê-Paraná: Considerada de grande importância econômica, esta hidrovia possui 1.250 quilômetros, 800 quilômetros no Rio Paraná e 450 quilômetros no Rio Tietê e interliga três estados, Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.
Hidrovia Taquari-Jacuí: Esta hidrovia tem 621 quilômetros até o Rio Grande/RS, possui vários terminais intermodais, que facilita o transbordo de cargas.
Estudos feitos pelo SINDASP estabeleceram que a utilização de transporte hidroviário para o setor sucroenergético é cada vez mais viável para a sua competitividade. Neste estudo constatou-se que o custo para transportar 1 tonelada por mil quilômetros de hidrovia é 64 % mais econômico, se comparado ao rodoviário, e 33%, se comparado ao ferroviário.
Em resumo, o transporte hidroviário apresenta as seguintes vantagens:
• Consumo eficiente de combustível;
• Redução dos congestionamentos;
• Redução na emissão de poluentes. Enquanto o transporte na hidrovia emite 0,056 kg/ t/1000km de monóxido de carbono, na ferrovia emite-se praticamente o triplo, 0,18 kg/ t/1000km e na rodovia, quase dez vezes, 0,536 kg/t/1000km (Diniz, 2007);
• Maior segurança;
• A vida útil de um comboio é de 50 anos;
• Emissão de ruídos menor.
Entretanto, este tipo de transporte também apresenta alguns pontos negativos:
O fato de ser pouco conhecido;
Depende de outro modal para complementar o transporte;
Para transportar as produções de açúcar e etanol no sistema hidroviário, as empresas que atuam nesse seguimento necessitam fazer adaptações, uma vez que as hidrovias têm sido mais utilizadas para transportar grãos e existem diferenças importantes quanto à segurança para o transporte de combustíveis, mesmo que renováveis. Para transportar combustíveis é necessário aumentar as barcaças e a potência de empuxo, bem como instalar estruturas de recebimento do etanol em terminais próximos aos portos de atracação da hidrovia. Para o transporte de açúcar a granel, as barcaças existentes para transporte de soja poderiam ser utilizadas.
Com base nas considerações feitas sobre as vantagens em utilizar o transporte hidroviário, o governo brasileiro propõe a expansão do setor.
Fonte: Nova Cana