O ETANOL E A CONFERÊNCIA DO CLIMA: UM GRANDE DESAFIO PARA O BRASIL
O Brasil firmou compromisso de aumentar para 18% a participação dos biocombustíveis na matriz energética do país até 2030. O trato foi feito na Conferência do Clima de Paris (COP-21), que ocorreu em 2015, indo ao encontro da necessidade de cumprimento da meta de emissão de gases de efeito estufa. O acordo é centrado na “bioenergia” como alvo da meta.
NO CASO DO BRASIL, SERIAM O BIODIESEL E O ETANOL.
Segundo estudo divulgado pela Embrapa Agroenergia, o Brasil terá um grande desafio para cumprir. O estudo focou na produção de biodiesel, já que o etanol deverá ter um crescimento anual baixo até 2030. Assim, restaria um peso maior para a performance do biodiesel.
Um novo estudo realizado recentemente, desta vez pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), focado no etanol, revela um cenário complicado para o país conseguir cumprir a meta até 2030.
O estudo mostra que as usinas sucroalcooleiras deverão investir cerca de US$ 31 bilhões para ampliar a produção de etanol até 2030. Esse valor refere-se a investimentos, não só na compra de equipamentos, mas também na instalação de novas usinas e na renovação de canaviais.
Para chegar à meta, o estudo prevê a necessidade de:
– produção de 54 bilhões de litros anuais – só para ilustrar, a capacidade de moagem de cana teria que passar das recentes 942,7 milhões de toneladas por safra para cerca de 1 bilhão de toneladas;
– construção de 75 novas usinas até 2030, com capacidade de processamento de 3,7 milhões de toneladas de cana por safra, o que exigiria um investimento geral de algo em torno de US$ 26 milhões.
Em um cenário ideal traçado pela Embrapa relacionado ao etanol, presumiu-se que a produção de biocombustível cresceria 5% ao ano, levando à produção de 50 bilhões de litros em 2030, o que significaria 6,1% da matriz energética do país. Assim, faltariam ainda 8,3% para a meta comprometida na França, que teriam de ser supridos pela produção de biodiesel.
Conclusão: O desafio maior está em verificar o potencial de ampliação do plantio da soja, fonte principal de produção do biodiesel no Brasil, além do aumento de áreas para o plantio de cana voltado à produção do etanol.
O estudo também conclui que apenas isso não é suficiente: o segmento sucroenergético só fará investimentos para dobrar a produção se tiver segurança de que a demanda será garantida.
Assim, surge o questionamento: como o país agirá para ampliar para 18% a participação dos biocombustíveis em sua matriz energética sem provocar problemas no campo? E como isso acontecerá sem uma política energética clara, sustentável e duradoura?
Fonte: Diário do Transporte