Dor de cabeça, tontura, rinite, ardência na pele e nos olhos, edema pulmonar, etc. Esses são só alguns dos males provocados pela exposição ao benzeno, substância presente nos combustíveis comercializados em postos de abastecimento. Portanto, se você é gerente ou dono de postos, é preciso ficar atento à Portaria nº 1.109, da Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, que trata da obrigatoriedade de capacitação para frentistas e colaboradores sobre o benzeno. Até já tratamos deste assunto em nosso blog em 2018, quando a portaria passou a vigorar. Porém, é sempre bom reciclar conhecimentos, não é? Apesar de este assunto parecer meio cansativo e pesado, saber mais sobre os riscos do benzeno é de extrema importância para a proteção de seu negócio e da saúde de todos os colaboradores.
Mas, afinal, o que é mesmo o benzeno?
Benzene em inglês, o benzeno, que costuma ter um aroma doce (o que é muito curioso), é um líquido incolor, inflamável e, em contato com o ar, evapora muito rápido. Ele é liberado na natureza, na verdade, por processos naturais, como o vulcanismo (fenômeno geológico que envolve derramamento de magma, gases e outros materiais do interior da Terra) e as queimadas. No entanto, a liberação de benzeno provém mais da atividade humana. Isso porque é uma substância constituinte do petróleo e muito utilizada em indústrias químicas e petrolíferas. Além disso, é encontrado na fumaça do cigarro, na fabricação de compostos, como plásticos, detergentes e principalmente na gasolina. É aí que mora o perigo, pois os funcionários que mais estão expostos ao benzeno, o tempo todo, são exatamente os frentistas. Tanto que a intoxicação por benzeno é uma das principais causas de afastamento por doenças. Isso acontece porque a longa exposição a essa substância pode afetar o sangue, a medula óssea, além de provocar transtornos neurológicos.
Proteja seus frentistas e siga 8 dicas para evitar a contaminação!
Você sabia que até a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) classifica o benzeno como agente cancerígeno? Grave, não é? O benzeno contribui para o desenvolvimento da leucemia mieloide, doença ligada à má-formação de células vermelhas da medula óssea. Por isso, algumas dicas podem ajudar você, gestor de postos, a proteger seus frentistas e demais funcionários. Confira 8 delas:
1) Limpeza dos uniformes
Os uniformes devem ser higienizados e jamais devem ser levados para casa. Dessa maneira, o frentista poderá contaminar as pessoas da família.
2) Máscaras
É de extrema importância que o funcionário responsável pela descarga de combustível do caminhão-tanque utilize máscaras. Além disso, é preciso também usar esses acessórios quando da coleta de amostra-testemunha e na medição do tanque.
3) Cuidado com o paninho de limpeza!
Aquele famoso paninho de limpeza do frentista pode carregar muito benzeno e contribuir para a intoxicação. Isso acontece porque geralmente os frentistas, após fazer o abastecimento, têm o costume de limpar as mãos em flanelas e panos de estopa. O mais recomendado é o uso de luvas, pois os panos ficam sujos de gasolina e podem contaminar as palmas das mãos com benzeno.
4) Uso do EPI tem que ser obrigatório!
Está na portaria que o uso dos Equipamentos de Proteção Individual – os EPIs – pelos frentistas é obrigatório. E seu uso é essencial, pois protege as vias – boca, nariz, pele e olhos – da exposição ao benzeno. Por isso, além de reduzirem o risco de contaminação dos funcionários, você vai evitar multas e sanções. Os principais EPIs que os frentistas podem usar são: boné, uniformes, botas de proteção contra riscos de origem mecânica e química, óculos e luvas.
5) Nunca encher o tanque até a boca!
Os frentistas costumam, ao abastecer, encher o tanque até a boca. Essa prática, bem comum, não é recomendada, pois o frentista pode inalar o vapor que sai da máquina quando o abastecimento é feito além do automático. Aliás, além de ser uma recomendação, é obrigatório aos postos, desde 2018, dispor de bombas de combustíveis com bicos automáticos. Isso evita que o frentista inale o benzeno, pois os bicos automáticos possuem uma trava que bloqueia a saída de combustíveis além do limite.
6) Realização de exames periódicos
Em virtude da exposição diária ao benzeno, é recomendado que os postos determinem que os frentistas realizem exames periódicos, como, por exemplo, hemograma completo e contagem de plaquetas, dentre outros a serem recomendados pelo médico responsável.
7) Treinamentos obrigatórios
Os gestores de postos são obrigados, de acordo com a portaria já mencionada, a conceder treinamentos obrigatórios a seus frentistas, lavadores de carros, trocadores de óleo e pessoal da manutenção. Os cursos, com carga horária de 4 horas, devem ser feitos a cada dois anos e ter conteúdos teóricos e práticos relativos ao manuseio de produtos inflamáveis, conforme a Norma Regulamentadora nº 20, além de demais orientações sobre os riscos do benzeno e sobre quais são os principais sintomas de intoxicação.
8) Ambiente de trabalho adequado
Um bom posto deve oferecer não só um ambiente agradável para os clientes, mas também para os funcionários. Por isso, deve conter vestiários, sanitários para uso exclusivo dos frentistas, espaço para refeições e descanso, armários individuais com chave para guardar roupas limpas e não contaminadas, toalhas descartáveis e sabonete líquido.
Sanções e multas
O não cumprimento das regras e normas da Portaria nº 1.109 pode causar inúmeros transtornos aos gerentes e proprietários de postos. Por isso, o melhor a fazer, além de seguir as dicas que colocamos aqui, é acessar a portaria completa e seguir todas as orientações. Caso contrário, o posto poderá ser multado pela ANP (Agência Nacional do Petróleo) ou pela Secretaria de Trabalho, do Ministério da Economia.
Melhor não pagar pra ver, não é!? Por isso, proteja seu negócio e também quem o faz funcionar: seus frentistas e colaboradores!