Antes de sabermos mais sobre as novas regras para medição de temperatura de combustíveis, é preciso explicar, para quem não é dono de posto, por que o procedimento é necessário, antes de colocar o combustível à venda. O que acontece é que, quando o combustível fica armazenado no caminhão-tanque, a tendência é que ele tenha o volume alterado, devido a um fenômeno químico – líquidos como etanol e gasolina têm a capacidade de dilatar ou se contrair, de acordo com a temperatura ambiente.
Para que essa perda seja compensada, é preciso medir a temperatura do combustível para que a variação seja calculada com exatidão. Para realizar esse procedimento, o instrumento mais usado, por boa parte dos postos, é o termômetro de mercúrio junto com uma proveta.
Agora que você já sabe o porquê de medir a temperatura dos combustíveis, vamos ao que interessa.
Quais são as novas regras e por que os termômetros de mercúrio serão proibidos?
No último dia 5 de setembro, o INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) determinou, por meio da portaria nº 424, que no prazo de 1 ano seja proibida a venda de termômetros de mercúrio, utilizados em postos de gasolina para medição da temperatura de combustíveis. Ou seja, os postos que ainda utilizam esse tipo de equipamento para medição terão que se readequar até agosto de 2019. Caso contrário, poderão ser autuados pelos órgãos fiscalizadores como o IPEM (Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo), a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e o Procon (Programa de Proteção e Defesa do Consumidor).
Os postos poderão utilizar, como alternativa, os chamados termômetros ecológicos. Seu uso já é permitido e foi homologado pelo INMETRO para utilização em postos de gasolina, por meio das portarias nº 309/2010, nº 94/2011 e nº 83/2011. Esses novos termômetros substituem o mercúrio pelo álcool com corante vermelho e têm o preço exatamente igual aos de mercúrio.
Perigos para a saúde
A proibição de termômetros de mercúrio atende ao que foi firmado na Convenção de Minamata sobre Mercúrio, firmada em 2013 em Genebra, na Suíça, da qual o Brasil é um dos 140 países signatários. A medida previa a diminuição do uso do mercúrio em todo o mundo, por ser um elemento extremamente tóxico e nocivo à saúde. Isso porque, em contato com a pele ou se inalado, o mercúrio pode causar danos sérios ao sistema nervoso, ao trato gastrointestinal, aos pulmões, aos rins, e a outros órgãos.
O seu descarte inadequado também pode ser lesivo ao meio ambiente. A intoxicação por mercúrio, por meio da ingestão de peixes ou frutos do mar retirados de águas contaminadas com esse elemento, causa tremores, insônia e perda de memória e pode levar à morte.